terça-feira, 28 de maio de 2013

Nuno Artur Silva


Ficcionista, fundador e director geral da Produções Fictícias, agência e rede criativa. Pelas PF, foi director geral, director criativo e co-autor de projectos e programas como HermanZap, Herman Enciclopédia, Contra-Informação, Paraíso Filmes, O Inimigo Público, Os Contemporâneos, entre muitos outros. Publicou livros como As Aventuras de Filipe Seems (banda desenhada com desenhos de António Jorge Gonçalves), As Passagens do Tempo (Cotovia, 2000), A Tribo dos Sonhos Cruzados (Asa, 2003), entre outros. Co-autor de diversas peças de teatro. Fundador e director geral do Canal Q. Apresentador e coordenador do programa O Eixo do Mal, na SIC Notícias.


Os 10 melhores filmes da história do cinema não sei. Da minha vida, acho que sei.

* King Kong [1933, de Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack]
* Tempos Modernos [Modern Times, 1936, de Charles Chaplin]
* O Mundo a Seus Pés [Citizen Kane, 1941, de Orson Welles]
* Amarcord [1973, de Federico Fellini]
* Annie Hall [1977, de Woody Allen]
* Encontros Imediatos do Terceiro Grau [Close Encounters of the Third Kind, 1977, de Steven Spielberg]
* A Vida de Brian [Life of Brian, 1979, de Terry Jones]
* Blade Runner – Perigo Iminente [1982, de Ridley Scott]
* Do Fundo do Coração [One from the Heart, 1982, de Francis Ford Coppola]
* As Asas do Desejo [Der Himmel Uber Berlin, 1987, de Wim Wenders]




O filme da sua vida: «Blade Runner». Quase que podia ser o «Annie Hall» (e dos do Woody Allen quase que era o «Manhattan»). Mas é o «Blade Runner».

Realizador, actor e actriz favoritos: Woody Allen. Actores favoritos não sei mesmo. Actrizes também não é fácil: entre a Ingrid Bergman e a Cate Blanchett...

Personagem que gostava de encarnar se fosse possível "entrar" no ecrã: Indiana Jones. Ou aquelas que “contracenavam” com as actrizes da minha adolescência, como a Nastassja Kinski.

Filme que mais o marcou no momento do seu visionamento: «Blade Runner». Foi amor à primeira vista.

Obra-prima clássica (ou nem tanto) com que embirre particularmente: «E Tudo o Vento Levou». E os do Fassbinder.

O filme-choque da sua vida: «Bambi».

Filme do qual possa dizer "a vida é muito parecida com isto": A escolha do Manuel Fonseca, «Stand By Me», é muito boa.


terça-feira, 14 de maio de 2013

Pedro Marta Santos



É jornalista e argumentista (não necessariamente por esta ordem). Foi redactor e editor de O Independente durante 14 anos, consultor de guiões na SIC Filmes e coordenador de argumentos na Valentim de Carvalho Filmes. Escreveu argumentos de longas-metragens de cinema, telefilmes, mini-séries e séries de TV para as produtoras SIC Filmes, VC Filmes, Stopline Filmes, SP Televisão e Oficina de Filmes, dirigidas por Tiago Guedes, Mário Barroso, Carlos Coelho da Silva, Edgar Pêra e Jorge Queiroga, entre outros. Em 2008, publicou o Guia Terapêutico de Cinema, uma abordagem holística e levemente alucinada da 7.ª arte como composto farmacológico de máxima eficácia.

Escolher os "10 Melhores Filmes" é como decidir as 10 mais belas mulheres. Os 10 quadros mais importantes. O filho predilecto. Depressa se perde o sentido da perspectiva. Ainda assim, acho que consigo escolher os 100 Melhores. Menos do que isso, enlouqueceria.


Os 100 Melhores (sem ordem particular de preferência)

  * Aurora [Sunrise, 1927, de F. W. Murnau]
 A Paixão de Joana d’Arc [La Passion de Jeanne D’Arc, 1928, de Carl T. Dreyer]
 O Mundo a Seus Pés [Citizen Kane, 1941, de Orson Welles]
  * O Grande Escândalo [His Girl Friday, 1940, de Howard Hawks]
 Difamação [Notorious, 1946, de Alfred Hitchcock]
 Casablanca [1942, de Michael Curtiz]
 A Vida do Coronel Blimp [The Life and Death of Colonel Blimp, 1943, de Michael Powell e Emeric Pressburger]
 Há Lodo no Cais [On the Waterfront, 1954, de Elia Kazan]
  * Deus Sabe Quanto Amei [Some Came Running, 1958, de Vincente Minnelli]
   * Blade Runner – Perigo Iminente [1982, de Ridley Scott]
   * Sentimento [Senso, 1954, de Luchino Visconti]
   * A Noite Tem Mil Olhos [Night Has a Thousand Eyes, 1948, de John Farrow]
   * Jules e Jim [Jules et Jim, 1962, de François Truffaut]
   * Otelo [The Tragedy of Othello: The Moor of Venice, 1952, de Orson Welles]
   * Lágrimas de Mãe [To Each His Own, 1946, de Mitchell Leisen]
   * Chinatown [1974, de Roman Polanski]
   * Matar ou Não Matar [In a Lonely Place, 1950, de Nicholas Ray]
   * Mãos Perigosas [Pickup on South Street, 1953, de Samuel Fuller]
    * A Máscara [Persona, 1966, de Ingmar Bergman] 
   * Lawrence da Arábia [Lawrence of Arabia, 1962, de David Lean]
   * 2001 – Odisseia no Espaço [2001: A Space Odyssey, 1968, de Stanley Kubrick]
   * O Padrinho [The Godfather, 1972, de Francis Ford Coppola]
   * O Conformista [Il Conformista, 1970, de Bernardo Bertolucci]
   * O Eclipse [L’Eclisse, 1962, de Michelangelo Antonioni]
   * Ladrões de Bicicletas [Ladri di Biciclette, 1948, de Vittorio de Sica]
   * Taxi Driver [1976, de Martin Scorsese]
   * Son Smeshnogo Cheloveka [1992, curta-metragem de Aleksandr Petrov]
   * Ghost in the Shell [1995, de Mamoru Oshii]
   * Serenata à Chuva [Singin’in the Rain, 1952, de Stanley Donen e Gene Kelly]
   * Mentira Maldita [Sweet Smell of Success, 1957, de Alexander Mckendrick]
   * O Caçador [The Deer Hunter, 1978, de Michael Ciminio]
   * Dias do Paraíso [Days of Heaven, 1978, de Terrence Malick]
   * Apocalypse Now [1979, de Francis Ford Coppola]
   * O Sacrifício [Offret, 1986, de Andrei Tarkovsky]
   * Heat – Cidade Sob Pressão [Heat, 1995, de Michael Mann]
   * Elephant [2003, de Gus Van Sant]
   * O Terceiro Homem [The Third Man, 1949, de Carol Reed]
   * Estrada Perdida [Lost Highway, 1997, de David Lynch]
   * A Desaparecida [The Searchers, 1956, de John Ford] 
   * As Três Noites de Eva [The Lady Eve, 1941, de Preston Sturges]
   * Assassinos [The Killers, 1946, de Robert Siodmak]
   * As Diabólicas [Les Diaboliques, 1955, de Henri-Georges Clouzot]
  *  Million Dollar Baby [2004, de Clint Eastwood]
   * Vontade Indómita [The Fountainhead, 1949, de King Vidor]
   * A Herdeira [The Heiress, 1949, de William Wyler]
   * O Homem Sem Braços [The Unknown, 1927, de Tod Browning]
   * Vertigo – A Mulher Que Viveu Duas Vezes [1958, de Alfred Hitchcock]
   * Estrada de Fogo [Streets of Fire, 1984, de Walter Hill]
   * O Retrato de Jennie [Portrait of Jennie, 1948, de William Dieterle]
   * Cruel Vitória [Bitter Victory, 1957, de Nicholas Ray]
   * Rio Bravo [1959, de Howard Hawks]
   * O Último dos Moicanos [Last of the Mohicans, 1992, de Michael Mann]
   * Imperdoável [Unforgiven, 1992, de Clint Eastwood]
   * Amarcord [1973, de Federico Fellini]
   * Os Condenados de Shawshank [The Shawshank Redemption, 1994, de Frank Darabont]
   * A Vila [The Village, 2004, de M. Night Shyamalan]
   * Gente de Dublin [The Dead, 1987, de John Huston]
   * O Céu Pode Esperar [Heaven Can Wait, 1943, de Ernst Lubitsch]
   * A Sombra do Caçador [The Night of the Hunter, 1955, de Charles Laughton]
   * A Verdade Vence Sempre [Call Northside 777, 1948, de Henry Hathaway]
   * Paraíso Infernal [Only Angels Have Wings, 1939, de Howard Hawks]
   * Brazil – O Outro Lado do Sonho [Brazil, 1985, de Terry Gilliam]
   * A Roda da Fortuna [The Band Wagon, 1953, de Vincente Minnelli]
   * O Grande Amor da Minha Vida [An Affair to Remember, 1957, de Leo McCarey]
   * O Milagre de Anne Sullivan [The Miracle Worker, 1962, de Arthur Penn]
   * Carta de Uma Desconhecida [Letter from an Unknown Woman, 1948, de Max Ophuls]
   * Juventude Inquieta [Rumble Fish, 1983, de Francis Ford Coppola]
   * A Idade da Inocência [The Age of Innocence, 1993, de Martin Scorsese]
   * Quando os Sinos Dobram [Black Narcissus, 1947, de Michael Powell e Emeric Pressburger]
   * Horizontes de Glória [Paths of Glory, 1957, de Stanley Kubrick]
   * O Local do Crime [Le Lieu du Crime, 1986, de André Téchiné]
   * O Meu Maior Pecado [The Tarnished Angels, 1957, de Douglas Sirk]
   * O Exército das Sombras [L’Armée des Ombres, 1969, de Jean-Pierre Melville]
   * Paris, Texas [1984, de Wim Wenders]
   * Encontros Imediatos do Terceiro Grau [Close Encounters of the Third Kind, 1977, de Steven Spielberg]
   * Os Eleitos [The Right Stuff, 1983, de Philip Kaufman]
   * Almas em Chamas [Twelve O’Clock High, 1949, de Henry King]
   * O Fantasma Apaixonado [The Ghost and Mrs. Muir, 1947, de Joseph L. Mankiewicz]
   * A Festa [The Party, 1968, de Blake Edwards]
   * O Vale Era Verde [How Green Was My Valley, 1941, de John Ford]
   * As Brancas Montanhas da Morte [Jeremiah Johnson, 1972, de Sydney Pollack]
   * Fuga Sem Fim [Running on Empty, 1988, de Sidney Lumet]
   * Magnolia [1999, de Paul Thomas Anderson]
   * O Deserto Vermelho [Il Deserto Rosso, 1964, de Michelangelo Antonioni]
   * Papá Por Acaso [The Miracle of Morgan’s Creek, 1944, de Preston Sturges]
   * Ondas de Paixão [Breaking the Waves, 1996, de Lars Von Trier]
   * O Homem Que Queria Ser Rei [The Man Who Would Be King, 1975, de John Huston]
   * O Buraco [Le Trou, 1960, de Jacques Becker]
   * Contacto [Contact, 1997, de Robert Zemeckis]
   * Vermelho [Rouge, 1994, de Krzysztof Kieslowski]
   * Escondido [Caché, 2005, de Michael Haneke]
   * O Padrinho II [The Godfather – part II, 1974, de Francis Ford Coppola]
   * Limbo [1999, de John Sayles]
   * A Última Tentação de Cristo [The Last Temptation of Christ, 1988, de Martin Scorsese]
   * A Cidade do Vício [Trouble in Mind, 1985, de Alan Rudolph]
   * O Arrependido [Out of the Past, 1947, de Jacques Tourneur]
   * O Vício do Jogo [The Gambler, 1974, de Karel Reisz]
   * Aliens [1986, de James Cameron]
   * La Jetée [1982, curta-metragem de Chris Marker]
   * Phase IV (1974, de Saul Bass]  


[Nota da redacção: Excepcionalmente, e percebendo a angústia do PMS no momento da escolha, aqui ficam 10x10 filmes.]



O filme da sua vida: «Vertigo», de Alfred Hitchcock.

Realizador, actor e actriz favoritos: Alfred Hitchcock, Cary Grant, Ingrid Bergman.

Personagem que gostava de encarnar se fosse possível "entrar" no ecrã: Danny Pope [«Running on Empty», 1988] (adolescência), Atticus Finch [«To Kill a Mockingbird», 1962] (idade adulta) e Rachel Cooper [«The Night of the Hunter», 1955] (velhice).

Filme que mais o marcou no momento do seu visionamento: «Encontros Imediatos do Terceiro Grau», aos 9 anos.

Obra-prima clássica (ou nem tanto) com que embirre particularmente: «O Feiticeiro de Oz» e «E Tudo o Vento Levou».

O filme-choque da sua vida: «Saló ou os 120 Dias de Sodoma», de Pier Paolo Pasolini, e «Portrait of a Serial Killer», de John McNaughton.  

Filme do qual possa dizer "a vida é muito parecida com isto": Evito cuidadosamente os filmes muito parecidos com a vida.

domingo, 5 de maio de 2013

Mário Dorminsky



É a face mais conhecida do Fantasporto, o mais mítico dos festivais de cinema portugueses, do qual é fundador e director. Mário Dorminsky nasceu no Porto, em 1955. Frequentou os cursos de Arquitectura e Filosofia na sua cidade natal, foi professor do Ensino Secundário e jornalista. Actualmente, é vereador da Cultura, Património e Turismo de Vila Nova de Gaia. 


Os 10 Melhores

 * O Mundo a Seus Pés [Citizen Kane, 1941, de Orson Welles]
 * Blade Runner – Perigo Iminente [1982, de Ridley Scott]
 * Vertigo – A Mulher Que Viveu Duas Vezes [1958, de Alfred Hitchcock]
 * A Regra do Jogo [La Règle du Jeu, 1939, de Jean Renoir]
 * Casablanca [1942, de Michael Curtiz]
 * Estranhos Prazeres [Strange Days, 1995, de Kathryn Bigelow]
 * Janela Indiscreta [Rear Window, 1954, de Alfred Hitchcock]
 * O Leopardo [Il Gattopardo, 1963, de Luchino Visconti]
 * Ladrões de Bicicletas [Ladri di Biciclette, 1948, de Vittorio de Sica]
 * ET – O Extraterrestre [ET – The Extraterrestrial, 1982, de Steven Spielberg]

 [Além desta lista, Mário Dorminsky acrescenta duas sagas: Guerra das Estrelas (Star Wars) e O Senhor dos Anéis (The Lord of the Rings).]



O filme da sua vida: «O Mundo a Seus Pés».

Realizador, actor e actriz favoritos: Alfred Hitchcock, Robert de Niro, Sophia Loren.

Personagem que gostava de encarnar se fosse possível "entrar" no ecrã: O Homem Invisível…

Filme que mais o marcou no momento do seu visionamento: «Boudu Salvo das Águas».

Obra-prima clássica (ou nem tanto) com que embirre particularmente: Não tenho.

O filme-choque da sua vida: «Funny Games», de Michael Haneke.  

Filme do qual possa dizer "a vida é muito parecida com isto": Sinceramente não sei.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Pedro Garcia Rosado




[Escritor e tradutor nascido em Lisboa. O seu mais recente romance chama-se Morte com Vista para o Mar, edição Topseller.]

«Comecei desde muito cedo a ir ao cinema e agora vejo-o em casa por não haver salas de cinema de jeito no concelho onde vivo. Enquanto jornalista (e crítico de cinema) escrevi sobre filmes, cinema e festivais de cinema para várias publicações, entre as quais o extinto Se7e, o JL na sua fase mais abrangente, O Jornal e O Diário, tendo ainda sido autor e coordenador dos anuários de home video publicados entre 1989 e 2003 (co-edição Difusão Cultural/Projornal) e correspondente do Variety em Portugal. Os milhares de filmes que vi em cinco décadas de espectador de cinema e cinéfilo, alguns por simples obrigação profissional ou pessoal e a maioria por interesse pessoal, dificultam uma selecção do “melhor” ou “melhores” em termos objectivos, mas, independentemente do valor histórico, técnico, cultural e até social de cada filme, retenho na memória como sendo os meus “melhores”, e que constam desta lista, alguns dos que mais me entusiasmaram e a que regresso com gosto.»


Os 10 Melhores (por ordem alfabética)

* Aguirre, o Aventureiro [Aguirre, der Zorn Gottes, 1972, de Werner Herzog]
* Apocalypse Now Redux [1979, de Francis Ford Coppola]
* Casablanca [1942, de Michael Curtiz]
* O Couraçado Potemkine [Bronenosets Potyomkin, 1925, de Sergei M. Eisenstein]
* Lawrence da Arábia [Lawrence of Arabia, 1962, de David Lean]
* Matou [M, 1931, de Fritz Lang]
* Depois do Anoitecer [Near Dark, 1987, de Kathryn Bigelow]
* A Quadrilha Selvagem [The Wild Bunch, 1969, de Sam Peckinpah]
* O Senhor dos Anéis [The Lord of the Rings, 2001-2003, de Peter Jackson]
* Os Suspeitos do Costume [The Usual Suspects, 1995, de Bryan Singer]


[PGR valoriza a trilogia de Peter Jackson como uma obra única. O autor do blog, já agora, também.]




O filme da sua vida: «A Quadrilha Selvagem». É um filme extraordinário e a vários títulos emblemático: assinala o fim dos westerns tradicionais e o início de uma era de westerns de novo tipo; redefine o cinema de acção na sua representação estilizada mas realista da violência; e é um emocionante hino à amizade, à lealdade e ao heroísmo.

Realizador, actor e actriz favoritos: Sam Peckinpah é, para mim, um dos realizadores mais completos, no leque de temas que levou para as suas longas-metragens e na forma como os abordou. Admiro muito um grande número de actores e actrizes, mas não irei ver um filme por um, ou mais, dos seus intérpretes como irei ver por quem o realiza, com todo o respeito pelos muitos méritos de gerações de actores e actrizes no cinema e na televisão.

Personagem que gostava de encarnar se fosse possível "entrar" no ecrã: Charles Foster Kane, o complexo magnata da comunicação social de «O Mundo a Seus Pés» (Citizen Kane, 1941), de Orson Welles.

Filme que mais o marcou no momento do seu visionamento: «Estrada de Fogo» (Streets of Fire”, 1984), de Walter Hill, que achei absolutamente surpreendente na perfeita combinação entre a música, as imagens em movimento e o espírito de aventura que domina a história.

Obra-prima clássica (ou nem tanto) com que embirre particularmente: «E Tudo o Vento Levou» (Gone with the Wind, 1939), de Victor Fleming. Insuportavelmente longo, arrastadamente melodramático, irritantemente xaroposo.

O filme-choque da sua vida: «Também os Anões Começam por Baixo» (Auch Zwerge haben klein angefangen, 1970), de Werner Herzog, que numa atmosfera cruelmente delirante resumiu muito dos sonhos de liberdade, de intervenção e de inovação do Cinema Novo alemão (e que vi no Instituto Alemão de Lisboa).

Filme do qual possa dizer "a vida é muito parecida com isto": «Casablanca», de Michael Curtiz (1942). Pela história romântica, pelos encontros e desencontros pessoais, pelas lealdades e deslealdades do amor e pela afirmação de resistência à opressão, que tem o seu momento de antologia na entoação espontânea de “La Marseillaise” no Rick’s American Café.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Manuel S. Fonseca



Manuel S. Fonseca foi aprendiz e mau na oficina de João Bénard da Costa, na Cinemateca. Escreveu, como crítico, coisas imperdoáveis no Expresso durante alguns anos. Depois passou pela televisão, pela produção de telefilmes e de longas-metragens assumidamente comerciais e, sobretudo, viajou muito. Já passou tudo e hoje não faz mal a uma mosca. Tem uma coluna nostálgica no Expresso e escreve num blog lúdico e sumptuário chamado Escrever é Triste.


Os dez mais que, por esta desordem, agora me vêm à cabeça:

* O Lírio Quebrado [Broken Blossoms, 1919, de D. W. Griffith]
* Luzes na Cidade [City Lights, 1931, de Charles Chaplin]
Pedro, o Louco [Pierrot le Fou, 1965, de Jean-Luc Godard]
* A Desaparecida [The Searchers, 1956, de John Ford]
* Matou [M, 1931, de Fritz Lang]
* Playtime – Vida Moderna [1967, de Jacques Tati]
* Janela Indiscreta [Rear Window, 1954, de Alfred Hitchcock]
* A Palavra [Ordet, 1955, de Carl T. Dreyer]
* Encontros Imediatos do Terceiro Grau [Close Encounters of the Third Kind, 1977, de Steven Spielberg]
* O Padrinho [The Godfather, 1972, de Francis Ford Coppola]


Os melhores filmes deviam ser como os menus dos restaurantes. Uns estariam sempre na carta e outros deviam mudar como os pratos do dia. Amanhã, por exemplo, já constaria o Singin’ in the Rain, o Der Blaue Engel, e depois de amanhã o Some Like it Hot, o To Have and Have Not, o Citizen Kane, o A Matter of Life and Death, o Casque d’or, o Senso ou o The River do Renoir. E na montra do restaurante, em vez de “Hoje há passarinhos”, apareceria escrito, a letras garrafais, “Hoje há Brigitte Bardot”.




O filme da sua vida: Talvez seja o «How Green Was My Valley», a mais perfeita cristalização de um mundo de harmonia que, por nunca ter existido, Deus se viu obrigado a criar através de John Ford, seu filho dilecto.

Realizador, actor e actriz favoritos: John Ford, por ter ajudado Deus a corrigir algumas imperfeições da Criação. O mundo ficou melhor com a aldeia galesa de «How Green…» e ainda melhor com o povoado irlandês de «The Quiet Man».
Richard Dreyfuss, pelo «American Graffiti», pelo riso e pelas canções no bote de «Jaws».
Jean Seberg, pela nuca rapada de «Saint Joan», pelos shorts de «Bonjour Tristesse» e por ser tão adoravelmente dégueulasse em «A Bout de Souffle».

Personagem que gostava de encarnar se fosse possível "entrar" no ecrã: Pierrot, perdão, Ferdinand no «Pierrot le Fou».

Filme que mais o marcou no momento do seu visionamento: Posso dizer dois? Primeiro, enternecido, quando vi a Natalie Wood a fazer beicinho para o James Dean no «Rebel Without a Cause». Nesse mesmo Verão, duas ou três semanas depois, foi um incêndio, ao ver a Elizabeth Taylor a fazer, quais olhinhos, o corpo inteiro, ao Burton, no «The Sandpiper».

Obra-prima clássica (ou nem tanto) com que embirre particularmente: Embirro razoavelmente com o William Wyler («Best Years of Our Lives» e «High Noon») e irrazoavelmente com o Eisenstein a quem prefiro a Sarita Montiel.

O filme-choque da sua vida: Sem ponta de ironia, um filme polaco belissimamente incompleto, «Pasazerka», de Andrzej Munk.

Filme do qual possa dizer "a vida é muito parecida com isto": Um filme terno e cruel, simples, infantil e adulto chamado «Stand by Me», de Rob Reiner.